quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Clarividência.

As lembranças são agora Claras.
Os arrependimentos também...
Mas, claramente não há espaço,
Para declarar com estardalhaço,
O fogo que me queima, amém!

Clareia, minha mãe, clareia...
Sereia, canta e me leva pro mar.
Santa Clara bendita sois vóis!
Clarissa, ei de me tornar.
Intercede por mim que pequei
Cobicei, desejei Iemanjá.




segunda-feira, 30 de abril de 2012

Redondilha.

Nessa minha busca
Provo-te um pouco
De mim, eu bem sei
Não vem perfeição.
Contento-me, pois,
Em beijar-te levemente.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Bagunça

E na bagunça de nossas pernas
A poesia em mim se faz ereta
e umedecida, em ti se faz canção

Melodia que em teu corpo penetra
Um dueto, gostosa baderna
Cantado com suor, à exaustão

Dois corpos e duas palavras
Cabelos, dedos, pele avermelhada
A explosão do gozo e da paixão

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Castigo, injustiça e cansaço.

Eu olho tua a pele castigada
E olhos cansados de ver injustiça
Procuro o brilho de outras madrugadas
E a força daquelas treliças

Que soerguiam a sinuosa estrada
Por onde seguiram cargas pesadas
Por onde passou gente perdida

E vejo apenas a pele cansada
A injustiça da íris castigada
O fragilidade de treliças quebradiças

E me vejo capataz e algoz
Injusto, selvagem e feroz
Engenheiro daqueles nós
E me vejo de novo a sós

Eu confesso

Em casa nessas tardes comuns
Em frente à televisão
Assistindo triviais cartuns
Com gosto de alienação

As ondas me trouxeram o feliz
Dulcíssimo som de sua voz
E aquele que à razão contradiz
Pulsou num baticum veloz

Soube naquele momento
Que o céu à terra desceria
Em um mergulho suave e sereno

Substituindo a tediosa harmonia
Por esse quente e feroz sentimento
De cheiro, tato, suor e alegria

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ah, se eu pudesse.

Se eu pudesse nos teus olhos não olhava
Nem ouvia tua doce voz
Se eu pudesse tua pele não tocava
Nem ardia o fogo que há em nós

Se eu pudesse não lembrava dos beijos teus
Não sentia, nem de leve, essa paixão
Se eu pudesse pediria, então, a Deus
Que me desse sua piedosa absolvição

Do pecado de amar esse detalhe pequeno
Tão grande que toma por inteiro
Que me sequestra nesta tarde de sereno
E rouba o inquilino em meu peito.

Entrelinhas...

Como chamo o que não posso nomear?
Como tenho o que há tempos não quis segurar?
Como vejo se a sombra é escura?
O peito palpita, de alegria, ou de medo?
Que cor, que sabor, que textura!
Eu que havia me esquecido do poeta...
Relembrando os momentos de entrega
Em tinta me faço de novo
Amante do prazer e do gozo
De escrever, amar e ser dela.