segunda-feira, 12 de julho de 2010

Frio julho

        Choveu a noite inteira. Era julho. Dia doze para ser mais claro. E eu passei a madrugada inteira te vendo dormir. Um misto de paz e solidão. Um sorriso querendo escapar nos cantos da boca. Como se quisesse aproveitar os últimos momentos de felicidade. Quis te acordar. Pedir desculpas. Vou te fazer sofrer amanhã. Queria que entendestes! Ah! Porque as coisas são difíceis, tão difíceis para que enxerga a vida com a facilidade racional? Quem dera pudesse dormir também e só acordar quando tudo já tivesse acabado. Covardia! Enfrente a verdade! Olhe nos olhos! Diga! Mas, com ternura.
        Amanheceu. Mas você ainda madruga. Espero ansiosamente. Já preparei todo o discurso. A verve investida na preparação do sarau de mentiras e meias-verdades. A polidez medíocre dos fracos. A prisão fraseada do leão de homem.
        E eis que você desperta. Calmamente me alisa o rosto. É melhor esperar. Não é justo descarregar tamanha avalanche de emoções em alguém recém desperto. Calo. Você se banha. Parece perceber um certo ar sorumbático no meu bom dia. Lhe chamo. Sentas na cama. Anuncio. Choras. Choro. Me desculpo. Invento explicações que você não quer receber. Saio. Choras.

Um comentário:

  1. Poxa amigao... muito legal seu blog... vou seguir e indicar tb.. legal mesmo.
    abraçao.

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